6EF – Esgoto e a proliferação de aguapés no Tietê

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Análise de amostras indicam que qualidade da água varia entre ruim e péssima – no limite para manter vivos os peixes

Disponível em: https://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,esgoto-causa-proliferacao-de-aguapes-no-tiete-diz-cetesb,1620331

José Maria Tomazela, O Estado de S. Paulo
15 de janeiro de 2015 | 15h50

SOROCABA – O esgoto carreado pelos rios das bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) e do Alto Tietê é a principal causa da proliferação de aguapés no reservatório de Barra Bonita, informou nesta quinta-feira, 15, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). A planta aquática cobre grandes extensões da represa formada pela barragem do Rio Tietê e prejudica as atividades de pesca e do turismo fluvial. De acordo com a Cetesb, os esgotos não tratados são fontes de nutrientes como nitrogênio e fósforo, responsáveis pela floração de algas e desenvolvimento massivo de plantas aquáticas como o aguapé.

Análises de amostras colhidas em novembro de 2014 em quatro pontos do reservatório indicaram o IVA – Índice de Qualidade da Água para Proteção da Vida – variando entre ruim e péssimo. O índice indica que a qualidade da água está no limite para manter vivos os peixes. Um dos fatores que influenciaram o IVA foi a alta concentração de nitrogênio e fósforo provenientes dos rios formadores da represa: o Tietê e o Piracicaba.

Plantas se enroscam nas redes dos pescadores e nas hélices das embarcações
Foto: IGOR MEDEIROS/DIVULGAÇÃO

Segundo a Cetesb, esses rios e alguns de seus afluentes ainda têm déficit em seus sistemas de tratamento de esgotos domésticos. Também contribui para a proliferação das plantas aquáticas o arraste de insumos agrícolas das lavouras das margens diretamente para a represa, o que pode ter ocorrido com as últimas chuvas.

Ainda conforme a agência ambiental paulista, a eliminação das plantas pode ser feita de forma mecânica, com colhedoras, com o uso de herbicidas ou ainda o controle biológico, com o emprego de parasitas, mas o responsável legal é o gerenciador do reservatório, no caso, a concessionária que opera a hidrelétrica de Barra Bonita. A Cetesb ressalta que a presença de plantas aquáticas é uma consequência e não causa do desequilíbrio ecológico verificado na represa.

A grande quantidade da planta aquática impede que a luz do sol chegue até o fundo do rio onde ficam as algas, responsáveis pela oxigenação da água que da vida aos peixes.

Além de tudo isso, as raízes das plantas também consomem oxigênio, aumentando ainda mais o tamanho do problema.


‘Ilhas de aguapés’ escondem Tietê e preocupam pescadores

Fenômeno, causado pelo calor, chuvas e poluição das águas, prejudica a pesca e o turismo fluvial na região

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José Maria Tomazela , O Estado de S. Paulo
14 de janeiro de 2015 | 22h57

SOROCABA – Grandes tapetes verdes formados pela planta aquática conhecida como aguapé encobrem trechos do Rio Tietê em uma extensão de 30 quilômetros, entre Anhembi e Barra Bonita, na região central do Estado de São Paulo. Em condições normais, os aguapés prestam um importante serviço ambiental de filtragem da água, mas, quando em excesso, podem causar problemas. As “ilhas” de plantas flutuantes também se espalham depois que as águas transpõem a barragem de Barra Bonita e seguem na direção da represa de Bariri. O fenômeno, causado pelo calor, chuvas e poluição das águas, prejudica a pesca e o turismo fluvial na região.

De acordo com o presidente da Colônia de Pesca Z-20 de Barra Bonita, Edivando Soares de Araújo, as plantas se enroscam nas redes dos pescadores e nas hélices das embarcações. Em muitos casos, as redes ficam pesadas e acabam se rompendo. “Hoje, o impacto não é tão grande porque estamos no período do defeso (reprodução dos peixes) e a pesca é apenas de subsistência. A partir de 28 de fevereiro, volta a pesca profissional e os aguapés só estão aumentando. Pode chegar a um ponto de a gente não poder trabalhar.” Segundo ele, quando o aguapé apodrece, a qualidade da água é afetada e ocorre morte de peixes. Cerca de três mil pescadores vivem da atividade nesse trecho do Tietê.

Os aguapés ocupam um espaço enorme, impedindo, inclusive, a fotossíntese no meio aquático. Com a presença, evapora-se muito mais água num reservatório infestado – cerca de cinco vezes mais.

Em alguns casos, as raízes das plantas podem ter mais de um metro de comprimento. Então, embaixo da água, elas se entrelaçam, formando uma espécie de parede, o que dificulta bastante a navegação.

O secretário de Controle Ambiental de Barra Bonita, Antonio Bestana Neto, disse que o excesso de aguapés decorre da poluição gerada na Grande São Paulo e ao longo do percurso do rio. Com o rio baixo, as chuvas de verão revolvem o lodo do fundo e liberam nutrientes para as plantas. Também são carreados agroquímicos usados nas lavouras das margens, fazendo com que a planta cresça e se multiplique rapidamente.

Empresas que exploram o turismo fluvial também se preocupam com a mudança no cenário. Os turistas reclamam do lixo que fica preso nas plantas e da impossibilidade de descortinar os cenários do rio. Segundo Bestana Neto, quando o rio está mais baixo, como agora, a formação de aguapé se intensifica. Consultada sobre os riscos ambientais do fenômeno, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) não havia retornado até o final da tarde desta quarta-feira, 14.